Captare recomenda: Igreja Una

Há pouco mais de dois anos atrás, o papa Bento XVI promulgou o Motu Proprio Summorum Pontificum (aqui, aqui e aqui). O Motu Proprio é uma carta apostólica que o papa promulga por iniciativa própria, sem ser fruto de alguma solicitação especial ou das discussões de algum sínodo ou concílio.

O que mais me impressiona com relação a isso é que, por um lado, a grande maioria dos cristãos desconhece este documento, o panorama do assunto do qual ele trata e o histórico do assunto, até que chegasse a esta iniciativa pessoal de Sua Santidade; e por outro lado, quando tomam certo conhecimento deste documento ou ouvem falar da Missa Tridentina, antes de procurar se informarem melhor do assunto, lançam ataques afetados e irracionais à “missa em latim”, “à missa de costas para o povo”, sacudindo o espantalho do “afastamento dos fiéis” por causa da “posição atrasada da Igreja”. Essa dupla (e absurda!) desinformação me faz constatar com amargura que os cristãos tem cada vez mais perdido o senso da realidade e que eles se preocupam com mesquinharias quando deveriam se inteirar de assuntos de importância muito maior.

Digo isto, porque a maior parte das objeções contra o Rito Antigo se deve à pura ignorância dos fatos, e são fundadas em slogans repetidos pelos progressistas para enganar o povo cristão. Vejamos algumas dessas objeções, e o quanto elas são irracionais abaixo:

  • O povo não entende a missa em latim: o que eu vou dizer sobre isso pode até parecer grosseria, mas não é. É apenas Teologia. A Missa não é celebrada para o povo. A Missa é celebrada para Deus! E Deus entende perfeitamente o latim. Esse argumento furado tem muitos adeptos no Brasil. Logo no Brasil?! Os brasileiros também não entendem o português! Que que há de ser fazer? Celebrar a missa através de desenhos? Só isso basta para demonstrar o quanto este, que é o principal cavalo de batalha dos “anti-latim”, é apenas um argumento furado.
  • O padre celebra de costas para o povo, isto é falta de respeito: Erradíssimo! Acontece que o altar apropriado para este tipo de celebração tem o sacrário logo acima dele. E o sacrário é onde está o Cristo, sob a forma eucarística. É a nossa “Arca da Aliança”! Antigamente, o sacrário no centro da Igreja, simbolizava que Deus deveria ser o centro de nossa vida. Hoje em dia Deus foi posto de lado, junto com o sacrário em que Ele repousa. Mas o fato é que a Missa Tridentina é celebrada de frente para o sacrário, celebrada de frente para Deus de verdade! É por isso que esta posição se chama “Versus Deum”, isto é, “de frente para Deus”. Além do mais, é muita petulância se sentir desrespeitado porque o padre está de costas. Como eu disse acima, a Missa é para Deus. Padre e fiéis estão todos juntos olhando para a mesma direção, para Deus!
  • Não existe nenhum motivo para se celebrar a Missa em latim: existe sim. E muitos! Em primeiro lugar, o latim é a língua com maior precisão no significado dos seus termos, sendo difícil encontrar uma expressão nele que seja ambígua. E é necessária muita precisão nas idéias que são transmitidas ao povo que participa da missa, pois a sua é alimentada nela. O latim é uma língua morta, ou seja, não sofre mais evoluções, nem transformações, logo não é possível introduzir novos usos para as palavras existentes, e não pode haver confusão em torno dos conceitos expressos pelas palavras. Além do mais, o diabo odeia o latim, tanto que o ritual do exorcismo é celebrado em latim.
  • A missa em latim é muito mecanizada, muito chata: Não é próprio da Missa ser chata ou redonda. Ela deve ser apenas a Missa. Mas o que entedia as pessoas, não é a língua em que é celebrada a Missa, e sim o fato de elas não entenderem o que seja a Missa e por que o que é feito nela é feito de um jeito e não de outro. Quando a Missa é celebrada totalmente de acordo com o que está prescrito no missal ela se torna um espetáculo de beleza e sacralidade. A noção do sagrado toma a todos que participam dela. É um absurdo falar que uma missa assim possa ser mecanizada. E se for, a culpa é só de quem não presta atenção nela.

Além de todas estas pérolas que são ditas no desespero de tentar evitar que o desejo do Papa seja cumprido, existe o próprio conceito de “missa em latim”, que é algo que beira o pejorativo, pois não é só a língua que é diferente. O rito tem várias diferenças sensíveis. Creio que o termo mais adequado para se referir ao rito antigo seja “Missa Gregoriana”, pois foi o papa São Gregório Magno que fez a primeira tentativa de unificação do rito latino, e desde sua época o rito é celebrado da mesma forma, só com umas poucas alterações. É um rito milenar! Um grande tesouro da tradição cristã!

Eu já fui um ardoroso defensor da reforma litúrgica. Acreditava em muitas das besteiras citadas acima. Mas graças às primeiras refutações de um amigo meu da época do ensino médio eu comecei a pesquisar mais seriamente o tema. É o Felipe Monteiro, que hoje é monge dominicano, a mesma ordem à qual pertenceu São Tomás.

E eu falei tudo isso simplesmente para recomendar mais um blog de um amigo meu, que é defensor e divulgador do Rito Gregoriano. Trata-se do blog Igreja Una do Danilo, que além do assunto tratado acima, comenta notícias sobre a Igreja e combate o progressismo que tem sido um câncer no seio da Igreja. A prova do que o progressismo pode fazer está aqui. E um ótimo artigo sobre a Missa Gregoriana, está aqui.

Passem lá e comentem! E se informem melhor sobre esta que é uma questão importantíssima para a nossa Igreja, principalmente se queremos combater esta secularização que cada vez nos afasta mais de Deus.