Pe. Fábio de Melo: Entre heresias e desculpas esfarrapadas


E quem diria que revmo. Pe. Fábio de Melo aprontaria mais uma das suas?! Um belo dia, ao acordar, enquanto estava se barbeando e antes de vestir suas caríssimas roupas de grife, o padre devia estar se admirando no espelho e pensando: “Poxa! Estou me sentindo abandonado pela mídia atualmente. Não sei mais o que fazer para aparecer… Ah! Já sei, sim! Vou ali na Gabi rapidinho dar uma entrevista e causar mais uns escândalozinhos!” Pois, não é possível! O cara precisa de muito planejamento (ou ser muito burro, apesar dos mestrados que o dito-cujo ostenta a seu favor!) para fazer uma patacoada tão grande com tão poucas palavras!

Me refiro – é claro! – à entrevista que o muito revdo. Padre concedeu à jornalista já há muito passada do ponto Marília Gabriela. Muitos católicos de verdade já se manifestaram sobre o petardo. Comento e recomendo brevemente, abaixo, aqueles que são mais próximos a mim.

Da Liga, como não podia deixa de ser, temos o post Padre Fábio de Melo: “foi sem querer querendo!” no blog O Catequista, escrito pela Viviane Varela. Inteligente, bem humorado e minucioso como sempre, este post contém as considerações básicas que todo católico mediano deve fazer nestas situações. Se é possível fazer apenas uma correçãozinha, é que a Viviane em certo momento, ao se referir à seguinte frase do pe. Favo de Mel: “Qual é a nossa fonte? É Jesus, a experiência dele. Teologicamente nós estamos fundamentados no Verbo que se torna carne, que passa por nós, que faz discípulos e que deixa uma Igreja”, diz que “[e]stá claro que o padre crê e afirma a origem divina da Igreja”. Viviane cumpriu com seu dever de ser caridosa com o padre, mas infelizmente não está tão claro assim, não! Acontece que o escorregadio sacerdote do Altíssimo usa – também nesta frase! – expressões típicas da heresia modernista – no caso, a experiência de Jesus”. Ora, se fosse um pessoa que já não tivesse nos brindado com tantas afirmações escandalosas, poderíamos presumir que não era o sentido modernista o empregado pelo padre nesta afirmação. Mas, justamente pelo contexto, é fácil presumir que ele tem em mente o sentido modernista destes termos. E no sentido modernista não é o “Jesus Cristo verdadeiro” (que eles chamam de “Jesus histórico”) que fundou a Igreja como sociedade visível e sim o “Jesus teológico” (o “Jesus fábula”, fruto das distorções e acréscimos feitos pelas reflexões “teológicas” acerca dos episódios da vida do “Jesus histórico”). Sim, o quando ele fala que “teologicamente estamos fundamentados no Verbo”, o termo “teologia” não está aí à toa. Outro indício de que é precisamente o sentido modernista das palavras que ele tem em mente é que em sua pseudo-retratação ele fala que “A expressão que usei no programa de ‘De frente com Gabi’, ‘Jesus queria o Reino de Deus, mas nós demos a Ele a Igreja’ é uma expressão muito usada nos bastidores acadêmicos que frequentei em minha vida, e está distante da proposta herética que ela já representou em outros tempos. O significado evoluiu. Como eu freqüento estes mesmos “bastidores acadêmicos” dos quais o padre fala, sei muito bem que ele está se referindo à tentativa reabilitação do modernismo iniciada pelos teólogos da Nouvelle Théologie e que hoje muitos professores de teologia consideram como um desenvolvimento legítimo que teria sido incorporado à teologia “oficial”. Eles só se esquecem – ou fingem se esquecer! – que o Papa Pio XII condenou esta tentativa de reabilitação na Encíclica Humani Generis. Não é porque ainda tem muito Zé-Corneta que compra essa ideia atualmente que ela deixa de ser herética…

Também da LIGA, temos o texto Quanto mal fazem à Igreja os padres untuosos!” – sobre o pe. Fábio de Melo e suas más colocações do Jorge Ferraz no blog Deus lo Vult. O Jorge, em seu texto, esclarece que não foi só uma heresia, mas três, contidas na declaração original. A saber: Igreja não é da vontade de Deus, há oposição entre “Igreja” e “Reino de Deus” e Igreja é criação humana. Com maestria, o Jorge mostra, através de passagens do Catecismo da Igreja Católica, como estas afirmações contrariam a Doutrina Católica. A saber: §§ 541, 567 e 766 do CIC e ainda o nº 52 do Decreto Lamentabili Sane Exitu. Outro destaque do texto do Jorge são as palavras do Papa Francisco falando contra padres como o pe. Fábio de Melo. Palavras que caem como uma luva e que eu reproduzo abaixo:

[Q]uanto mal fazem à Igreja os padres untuosos! Aqueles que colocam a sua força nas coisas artificiais, na vaidade.

Quantas vezes se ouve dizer, com dor: “Este é um padre-borboleta, porque há sempre vaidade nele”.

Se nos afastamos de Jesus Cristo, devemos compensar isto com outras atitudes… mundanas. E assim, há todas estas figuras… também o padre de negócios, o padre empreendedor…

[…]

É belo encontrar padres que deram a sua vida como sacerdotes, verdadeiramente, de quem as pessoas dizem: “Sim, tem esta característica, tem aquela… mas é um padre”. E as pessoas têm a intuição.

Em vez disso, quando as pessoas vêem os padres – para dizer uma palavra – idólatras, que em vez de terem Jesus têm os pequenos ídolos… pequenos… alguns até devotos do “deus Narciso”… Quando as pessoas vêem isto, dizem: “Coitado!”

“Padres-Borboleta”! Hehehe. Boa, Santo Padre! O vídeo está na postagem do Jorge.

Ainda de membros da Liga, temos o texto Católico: legalista ou jujuba? Escolha seu caminho do André Brandalise, com palavras muito pertinentes sobre a necessidade de os católicos verdadeiros – diante de palavras escandalosas como as do padre narcisista – assumirem corajosamente as pechas de “legalistas”, “bitolados”, “caçadores de hereges”, etc. Outro membro da Liga que “falou pouco, mas falou bonito” foi o Everth Oliveira, no Ecclesia Una, com o texto Um artista e suas artes em que ele coloca muito bem que “favo de mel é professor, escritor, cantor, compositor, apresentador de televisão e, por último, padre.

Há também uma quadrilogia de textos de uma pessoa que não é membro da Liga, mas que é ilustre na blogosfera católica. São os textos “Lembrança” é o c…, Fábio de Melo diz: “PEIDEI MAS NÃO FUI EU” ou “É HERESIA, MAS NÃO SIGNIFICA MAIS HERESIA”, Se eu pego pesado com os padres, vocês não viram ainda como Deus pega pesado… e O problema sou eu então? ou BANDOS DE FABETES HIPÓCRITAS!!! do Frei Clemente Rojão. Nestes textos, os destaques são a conclusão muito acertada de quer não cabe dizer que as palavras do pe. Melo foram “descontextualizadas”, pois no “conjunto da obra” é o tipo de coisa errada que ele fala sempre mesmo; e também para as imagens e ironias do Frei nos textos que expõem claramente o quanto a pífia tentativa de retratação do padre é falsa e ridícula.

Todas as coisas indicadas nos textos acima me fazem cada vez mais desconfiar que não há inocência nem ignorância nenhuma no pe. Melo: não é possível alguém ser tão avisado de seus erros e fazer questão de permanecer neles, tentando sempre embelezá-los sobre a maquiagem das palavras doces! Parece que ele faz de propósito, apostando que seus erros vão dar em nada, e depois arranja desculpinhas para tentar sair pela tangente. É um sacerdote que mancha a imagem do Sacerdote do Altíssimo, que foi ilustrada tantas vezes por gigantes como Santo Agostinho, São Tomás de Aquino, São João Maria Vianney, São João Bosco e São Pedro Canísio.

Lamentável que, apesar da celeuma que as declarações deste indivíduo causaram outras vezes, ele insista neste mesmo erro…

Padre Marcelo e o duplo boicote

No último dia 19 o blog de notícias Fratres In Unum publicou uma nota do Vírgula sobre uma entrevista concedida pelo padre Marcelo Rossi à revista Veja. Nela o padre fala sobre a visita do Papa ao Brasil e sobre a condição sacerdotal. Os trechos interessantes desta entrevista são os seguintes:

“Eles capricharam na humilhação. Além de nos colocarem pra cantar de madrugada, eu e o padre Jonas (ABBC, fundador da Comunidade Canção Nova) fomos barrados. Na entrada, fomos informados por um agente da Polícia Federal de que, com o nosso tipo de crachá, não teríamos acesso ao palco, mas apenas à plateia, apesar de escalados para fazer uma apresentação. Ficamos lá, esperando num frio danado, de madrugada, com a garganta doendo, até sermos liberados”
“Algumas mulheres conseguem até o número do meu celular. Já alertei o Fábio [o padre-cantor Fábio de Melo] para que não deixasse de usar batina. E ele está usando, por acaso? Bem vê que eu não tenho influência sobre ele”
Eu tinha pensado em começar meu comentário dizendo que era bem feito para ele para o Monsigneur Jonas Abib, mas aí logo vão dizer que não é algo cristão achacar quem teve a realização seus sonhos negada de forma tão fria e desumana (snif!). O caso é que o Padre Marcelo diz que “alerta” ao padre Melo  – no que faz muito bem! – o mal que o desuso da batina pode acarretar. Mas triste e cabisbaixo ele diz que não tem influência sobre o outro cantor que, por acaso, também é padre. E como poderia?

Pergunto isso pois fato é que há alguns anos, e antes de reativar o Battle Site, eu fazia parte de um Círculo Bíblico com fortes tendências pentecostais (não me orgulho disso, embora também não me arrependa de tudo daquela época). Nas reuniões a gente tocava uma música de autoria protestante que era apresentada no programa de rádio do Padre Marcelo. A letra é esta aí embaixo:

Já na alva luz do dia raiar
Lá estava a cena que me impressionou
Um anjo preso a Jacó
Que por sua benção lutou, jamais desistiu

Não largava o anjo
Ele muito insistiu
Não sairia dali sem suas bençãos nas mãos
De tanto ele insistir o anjo lhe tocou
E abençoado ele foi

Preciso de uma benção
Não vou desistir
Sem ela eu não vou sair daqui
Só saio quando o Senhor me tocar
Não posso mais ficar sem te sentir
Nada vai impedir a unção de Deus sobre mim

Não vou comentar exaustivamente esta canção como eu fiz com a musiquinha do Zaqueu. Mas notem que o eu-lírico tem uma atitude insolente diante de Deus – “sem ela [a bênção] eu não vou sair daqui!” – como se fosse direito dele e obrigação de Deus abencoá-lo, exatamente como aquelas pessoas que dizem que não vão sair da loja sem trocar sua mercadoria estragada. Aí algum Zé Corneta pode dizer: “Ah! Mas Jacó também foi insolente!” Foi sim! E foi punido por isso! O toque do anjo de que a música fala foi justamente essa punição: Jacó teve o músculo da côxa paralisado. Convenientemente, a música omite a parte da punição.

Aí está: é próprio da ideologia dos “evangélicos” achar que Deus é obrigado a nos abençoar sem que sejamos punidos por nossas insolências. Todo direito e nenhum dever. Este conceito é a base da “teologia” da prosperidade. E, lógico, é uma contradição gritante com a Doutrina Católica, que diz que a Majestade de Deus é absoluta e que devemos nos contentar com o que Ele se dignar a nos dar.

É óbvio que o Padre Marcelo não seria levado a sério pelo Padre Melo. Como ele quer ser levado a sério quando ele exorta o outro a usar a batina – contrariando a idéia protestante de que o ministro de Deus é um homem comum e qualquer do povo, e por isso não deve usar uma vestimenta distintiva – se ele se derrete todo ao cantar uma música que defende a idéia igualmente protestante de que Deus seria nosso servo?

Como ele quer tirar a trave do olho do Pe. Melo se não tira a trave de seu próprio olho???

Dom Rifan e o Pe. Fábio “Playboyzinho” de Mello

Como eu já deixei indicado algumas vezes aqui, não é em tudo que eu concordo com os tradicionalistas. Um destes assuntos pontuais, nos quais temos nossas divergências é Dom Fernando Areas Rifan, ordinário da Administração Apostólica São João Maria Vianney. Ele é visto por alguns tradicionalistas como um traidor da causa Dom Castro Mayer (“Você traiu o movimento, véio! O movimento tradicionalista!”).

A despeito desta pequena piadinha, não há nada com o que brincar quanto à causa de Dom Castro Mayer – que foi um grande aliado de Dom Lefebvre – em si. Mas considero um tanto exagerado dizer que D. Rifan seja um traidor. Diria que D. Rifan é apenas pragmático e, se ele transige em certas coisas, o faz para evitar que a resistência contra a postura tradicional – que já é enorme – aumente ainda mais.

E eu tiro meu chapéu para D. Rifan (apesar de eu não usar nenhum), principalmente em ocasiões como a desta entrevista em que – Sim, concordo! – ele poderia ter sido muito mais incisivo na defesa da Fé católica contra esses “padres” de picadeiro, mas que ele não deixa de dizer coisas verdadeiras. A parte que nos interessa é aos 1 minuto e 47 segundos do vídeo, em que D. Rifan diz que o Pe. Fábio de Melo, o “padre de R$ 9,90”, se veste como um playboyzinho.

Eu demorei muito a postar algo sobre o Pe. Melo aqui no Battle Site. E em grande parte isto se deve ao nível de irracionalidade alcançado por aquelas pessoas que insistem em defendê-lo a despeito de todos os seus claríssimos erros, contra a Doutrina Cristã e contra o bom senso moral. As provas do quanto essas pessoas podem ser irracionais vocês podem encontrar no blog do Apostolado Veritatis Splendor aqui e aqui. E também, e com insultos muito mais graves, no blog In Prælio aqui, aqui e aqui.

Mas o caso é que aqueles que o defendem gostavam muito de se esconder atrás do nefasto adágio: “Você é leigo! Não pode criticar um padre!” Mesmo que isso fosse verdade, agora nem mesmo esta desculpa é válida, pois Dom Rifan, além de ministro ordenado, é bispo!

Ora, o que falta ainda para que estas pessoas, tietes do “padre de R$ 9,90”, acordem e vejam o quanto o Pe. Fábio “playboyzinho” de Melo se afasta da proposta de Nosso Senhor Jesus Cristo? O que falta para estas curiosas criaturinhas perceberem que, se a batina não é suficiente para fazer um padre, ela pelo menos é um sinal claro que o distingue claramente de um mero cantor de boate, já que nem mesmo o discurso do Pe. Melo é capaz de distinguí-lo daquele cantor? O que falta para estes cupins de celebridades perceberem a gravidade do nosso tempo, que exige verdadeiros e santos sacerdotes, e não simples psicólogos com lábios de mel que receberam por acaso um Sacramento da Ordem?

Enfim, estou à espera de respostas a estas singelas perguntas. Ah, sim! E à espera das pedradas costumeiras, que são desferidas toda vez que o nome do “padre de R$ 9,90” é mencionado. Afinal, quem está na chuva é para se molhar…